Se me perguntarem quais eram as minhas brincadeiras favoritas quando era miúda, tenho-as todas na ponta da língua. Adorava construir "naves espaciais" com o meu irmão mais novo, em cima da cama. Tínhamos de levar connosco todos os nossos bens mais preciosos - os bonecos - e guardá-los o mais rapidamente possível, para salvarmos todos e não sermos atacados. Havia sempre um mal qualquer do qual tínhamos de fugir - talvez fosse a idade adulta.
Também passei pela fase das Barbies. Tinha imensas roupas e acessórios e perdia-me horas sem fim a criar histórias e mundos para as bonecas. Mas aquilo que mais prazer me dava era mesmo ser "professora". Deixava os bonecos todos sentados e começava a falar. Às vezes ditava - ou contava - histórias. Inventava testes e corrigia-os, ainda sem saber escrever.
Quando vejo estas fotografias que fiz ao João vem-me à memória o meu "Pipocas", o cão-peluche que levava para todo o lado. Ainda hoje o tenho. Não o largava por nada. E o João, que se distraiu por minutos com as bolas de sabão, também não larga o seu balde, onde traz o seu pequeno mundo.
As melhores coisas que temos são mesmo as memórias dos dias felizes. E o mundo que carregamos connosco, desde pequenos. Aquele que aprendemos a construir com os passos pouco certos que damos e que nos guia pelos trilhos mais desafiantes da vida.
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