Em teu ventre

Sempre tive uma relação muito próxima com os livros. Desde miúda que adoro ler e crio um laço forte com o objecto em si: adoro pegar, folhear e cheirar o livro; sentir que é meu e que aquela história também me vai pertencer sempre. É claro que há livros que não vivi como muitos outros, mas acredito que talvez não fosse a altura certa para os ler ou que aquele livro não me escolhera - eu acredito que são os livros que chamam por mim e que me escolhem para os ler.

Este livro não foi excepção. Foi o último que li e é arrebatador em toda a sua essência. Tem uma capa simples, bonita e tem uma narrativa apaixonante. A história centra-se nas aparições de Nossa Senhora a três crianças, no século XX, mas vai muito para além disso. Não se trata de nenhum relato histórico, muito pelo contrário. O foco principal deste romance é a maternidade: a importância que a mesma tem nas vidas de todos nós. É impossível não nos identificarmos com as suas palavras. O autor aborda o tema de uma maneira tão profunda quanto simples, o que torna a leitura deliciosa e viciante.

Admito que sou fã incondicional de José Luís Peixoto. Não há um livro que tenha lido e pelo qual não me tenha apaixonado. Identifico-me imenso com a sua escrita e com os sentimentos que passa para o papel. É do mais bonito que há. A verdade é que sou uma apaixonada pela literatura portuguesa. Há imensos autores que admiro e prefiro sempre ler um livro português. Deixo-vos com uma das minhas passagens favoritas:

«Como o horizonte, és tu, mãe, que nivelas o que somos capazes de ver, és tu que garantes o equilíbrio. Entre o infinito do céu e o infinito da terra, existe o teu infinito, igualmente desmedido e ilimitado. Mãe, o tempo não é capaz de conter-te. Mãe, morte e amor. Mãe, esperança.»