outubro 06, 2014

A multidão que há em nós


Costumo pensar para mim mesma que sou uma pessoa de pessoas. Posso ser muito fechada em muitos aspectos, mas sou alguém que gosta de se dar com pessoas. Sou alguém que gosta de fazer mais pelas pessoas. É assim que eu me vejo. E a fotografia tem-me levado a pessoas muito diferentes. No entanto, para mim, as pessoas parecem ser sempre tão iguais que não consigo ver grandes diferenciações. Há diferenças óbvias entre cada um, mas ao que me refiro é a esta natureza que todos trazemos connosco e que é sempre tão igual. O meu "alvo" principal na fotografia são, precisamente, pessoas e ultimamente tenho vindo a fotografar grávidas e bebés. E consigo aperceber-me tão bem do amor que as mulheres trazem dentro de si por seres ainda tão frágeis. É incrível o que o ser humano alberga bem dentro do seu íntimo. Esta capacidade de amar sem limite. E a naturalidade com que tudo se desenrola, sem pudores. Desde o dar de mamar ao mudar a fralda, até às conversas, quase monólogos ainda, com os filhos que carregaram no ventre. Ser humano é ser-se mil coisas e dentro dessas mil coisas ser-se simplesmente humano. 

Tudo isto tem-me ajudado a constatar o quanto eu gosto disto que faço. Por um lado, a vertente do Direito e a esperança de poder vir a fazer mais pelo ser humano. Por outro, a vertente da fotografia, que me deixa assistir ao mais bonito dos espectáculos da vida. E o quanto eu gosto desta diversidade sempre tão igual. Somos tão parecidos que acabamos por nos desigualar nas mais pequenas coisas. E somos tão iguais que nem nos apercebemos disso. Não tenho dúvidas: somos uma multidão dentro de nós.
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